terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pilares para Alto Rendimentos no FUTEBOL

O futebol é, entre tantas outras coisas, arte. Dentro de todas as representações destinadas ao público (artes cênicas) podemos incluir o teatro, a dança, o circo, a música e, indiscutivelmente o esporte, entendido aqui como uma destacada manifestação da cultura humana. E a arte, não podemos nos esquecer, muitas vezes, tem mais a ver com o que é bonito ou estético do que com o que é prático e objetivo. Neste sentido há uma dose de conflito entre a arte e a ciência que cria certa tensão quando se busca resultados no futebol.

É dentro deste contexto que procuro entender o esporte de alto rendimento, particularmente o futebol profissional.

Tenho buscado ao longo de minha carreira de quase 40 anos acompanhando trabalhos em clubes de futebol no Brasil e no exterior, uma síntese daquilo que poderíamos chamar de “pilares para se alcançar o alto rendimento” nesta mágica modalidade esportiva. Na busca desta síntese tenho me deparado, como toda experiência de vida, com sucessos e, de vez em quando, fracassos. Infelizmente a velocidade dos avanços da ciência e tecnologia não é a mesma em termos de avanços na cultura, educação e valores humanos.

Mas nesta caminhada algo tem se tornado cada vez mais claro: para se obter sucesso sustentável (sucesso aqui entendido como a capacidade de se montar equipes altamente competitivas e que não se limitam apenas às conquistas episódicas ou esporádicas) um clube deve estar apoiado em dois aspectos fundamentais ou pilares: infraestrutura e inteligência de jogo. O primeiro funcionando como pano de fundo do espetáculo que se desenvolve, com todas as suas variáveis, dentro de campo.

Evidentemente tudo deve começar com muita sinergia entre as dimensões políticas, administrativas e técnicas do clube. Dirigentes, funcionários, comissões técnicas e atletas, em um primeiro plano, devem estar focados e afinados em relação às metas a serem atingidas.

Nesta perspectiva a infraestrutura compreende as “condições externas” do trabalho, tais como estádio e centro de treinamento adequados, equipamentos modernos e funcionais, gestão profissional, especialistas de diferentes áreas (técnico-tática, fisiológica, nutricional, médica, psicossocial etc.) capazes de trabalhar de forma integrada (interdisciplinar), entre outros fatores.

Já a inteligência de jogo é a expressão final das “condições internas” do trabalho. Ela envolve qualidades técnicas, liderança, capacitação, educação, controle/inteligência emocional, coesão de grupo e, sobretudo, capacidade da equipe para resolver problemas nas diferentes, imprevisíveis e complexas situações e circunstâncias durante uma partida, um torneio ou um campeonato.

Neste binômio, parece-me, estão concentrados os mais importantes desafios para que um clube de futebol se torne grande e, de fato, forte. Penso que é nesta direção que deve ser investido todos os esforços.

Sabemos que a vitória jamais será garantida; aliás, paradoxalmente muitas vezes quanto mais se acredita nisso, mais riscos se corre. E está aí um dos maiores ingredientes do encantamento que este esporte causa nas pessoas. Mas com toda a certeza, a média dos resultados positivos será consequência de como se lida com estes dois conjuntos de fatores.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Fatores influenciadores para a presença de público nos estádios

Fatores influenciadores para a presença de público nos estádios


Como todo bom estabelecimento comercial preza pelo bom tratamento do cliente, assim devem agir com os estádios

Virgílio Franceschi Neto

Nos últimos anos, os clubes de futebol do Brasil têm procurado diversas formas de potencializar seus rendimentos. Com a escolha do país para sediar a fase final da Copa do Mundo Fifa em 2014, a indústria do esporte – especificamente o futebol – mostra-se à opinião pública como bastante promissora.

Uma das formas para proporcionar ganhos financeiros aos clubes é aumentar a frequência e média de público nos recintos esportivos. Na França, a venda de ingressos representa aproximadamente 18% da renda total dos clubes (Beccarini & Ferrand, 2006).

O que faz com que os estádios estejam ou não lotados, quais são os motivos por que os torcedores decidem comparecer a uma partida de futebol?

No Brasil, é senso comum que a resposta à baixa média de público nos estádios é a violência. Realmente, ela pode ser considerada um dos fatores que afasta o público das partidas. Entretanto, alguns autores que abordam o assunto, Wakefield e Sloan (1995), dizem que tempo e dinheiro também influenciam na decisão do torcedor em comparecer à partida. Melnick (1993), Correia e Esteves (2007) sugerem que muitos torcedores procuram a interação e entretenimento durante uma partida de futebol. Bitner (1992) remonta à experiência que o torcedor terá em um recinto esportivo, por isso da sua frequência.

O objetivo deste artigo é fazer uma revisão de literatura sobre quais fatores que um torcedor leva em consideração para comparecer a uma partida de futebol. Levando em linha de conta que a busca de alternativas de rendimentos por parte dos clubes e a preparação para o Mundial Fifa 2014, muitos gestores poderão tomar como base esses fatores para que políticas de administração dos estádios sejam levadas a cabo para não torná-los deficitários.

Russell (1986) mostrou que a violência é capaz de diminuir a presença do público nos estádios. Uma equipe competitiva é capaz de atrair mais torcedores (Baade & Tiehen, 1990). De certa maneira, isso também pode ser entendido como satisfação (Beccarini & Ferrand, 2006). Bitner (1992) reforça que o ambiente físico, o espaço e os serviços que são oferecidos neste espaço contribuem para a fidelização ou não do torcedor em um recinto desportivo.

Nesta linha de pensamento, Wakefield e Sloan (1995) numeram seis fatores que contribuem para que o torcedor decida comparecer ao estádio onde será realizado um evento esportivo: estacionamento (acessibilidade), limpeza, público, controle dos torcedores, serviço de alimentação e lealdade ao clube.

Por estacionamento, a acessibilidade e a proximidade dele ao estádio podem afastar ou atrair os torcedores (Wakefield & Sloan, 1995). Muito tempo gasto com a caminhada ou a procura por vagas podem frustrar os adeptos (Bitner, 1992). Muito provavelmente, nenhum gestor do esporte desejará que o torcedor da sua instituição entre mal-humorado no estádio.

A limpeza é um segundo fator, aliada à arquitetura (Wakefield & Sloan, 1995). A idade do estádio e sua arquitetura são aspectos menos controláveis da limpeza, entretanto outros, como banheiros e assentos limpos, estão mais alcance dos gestores dos recintos esportivos e influenciam na percepção dos torcedores (Wakefield & Sloan, 1995).

Por público, entende-se o que Melnick (1993) salientou sobre se a largura dos corredores, das escadas de saída, a disposição dos assentos e dos banheiros favorecem a interação entre os torcedores e fazem com que o evento esportivo se torne mais interessante. Confusões na entrada e na saída e desconforto durante o jogo contribuem negativamente ao desejo do torcedor em comparecer no estádio (Wakefield & Sloan, 1995).

Sabe-se pelo senso comum que é bem constante a chegada dos torcedores ao estádio com cerca de uma a duas horas antes do início do evento esportivo. É por isso que manter a qualidade do serviço de alimentação oferecido torna-se uma importante fonte de renda para o estádio e para a instituição esportiva (Morgenson, 1992; Correia & Esteves, 2007). Quanto melhor a qualidade dos serviços de alimentação oferecidos, melhor e maior a percepção e interesse dos torcedores em frequentarem o estádio (Wakefield & Sloan, 1995).

Torcedores sujeitos à violência dentro dos estádios e em seus arredores não vão sentir-se incentivados a comparecerem com mais frequência aos jogos (Russell, 1986). O comportamento hostil dos jogadores dentro do campo também pode levar parte do público à hostilidade uns com os outros (Bernstein, 1991).

Por fim, a lealdade ao clube influencia na decisão do torcedor em comparecer ao estádio (Wakefield & Sloan, 1995; Beccarini & Ferrand, 2006). Quanto mais o consumidor tiver um envolvimento com um produto ou serviço – neste caso uma partida é o produto esportivo – haverá um maior comprometimento do consumidor com este produto e serviço (Rein, Kotler & Shields, 2008). Dessa maneira o torcedor deve ser tratado como consumidor porque ele paga pelo ingresso, ou seja, ele paga pelo produto esportivo e consome os serviços proporcionados por este produto (Rein, Kotler & Shields, 2008). Beccarini e Ferrand (2006) reforçam que a construção e manutenção de uma equipe competitiva contribuem para aumentar a lealdade do torcedor para com o clube e o desejo de ir ao estádio.

Como escrito no início do artigo, o intuito foi o de levantar alguns fatores que contribuem para a presença do torcedor no estádio. Existem outros, que serão temas para outros textos. Percebe-se, portanto, que são inúmeros os desafios do Brasil para que os clubes, poderes público e privado façam dos estádios geradores de rendimentos. É preciso atrair o público e fidelizá-lo. Que o torcedor receba no estádio uma qualidade nos serviços à altura daquilo que pagou no ato da compra do ingresso.

O torcedor não pode mais ser tratado com desdém. Ele é o consumidor de um produto esportivo. Como todo bom estabelecimento comercial preza pelo bom tratamento do cliente - para que um dia ele retorne e consuma novamente os serviços oferecidos -, assim devem também agir as instituições com aquilo que um estádio oferece para o seu público.

Bibliografia:

Baade, R.A., & Tiehen, L.J. (1990). An analysis of Major League Baseball attendance, 1969-1987. Journal of Sport and Social Issues, 14, 14-32.
Beccarini, C., & Ferrand A. (2006). Factors affecting soccer club season ticket holders’ satisfaction: the influence of club image and fans’ motives. European Sport Management Quarterly, 6, 1, 1-22.
Bemstein, S. (1991, April 8). The sorry state of "sports heroes" (antisocial behavior of well-paid sports figures). Advertising Age, 62, 25.
Bitner, M.J. (1992). Servicescapes: The impact of physical surroundings on customers and employees. Journal of Marketing, 56, 57-71.
Correia, A., & Esteves, S. (2007). An exploratory study of spectator’s motivation in football. International Journal of Sport Management and Marketing, 2 5/6, 572-590.
Melnick, M.J. (1993). Searching for sociability in the stands: A theory of sports spectating. Journal of Sport Management, 7(1), 44-60.
Morgenson, G. (1992, April 27). Where the fans still come first (minor league baseball owners). Forbes, 149, 40-42.
Rein, I., Kotler, P., & Shields B. (2008). Marketing Esportivo: a reinvenção do esporte na busca de torcedores. Bookman, São Paulo.
Russell, G. (1986). Does sports violence increase box office receipts? International Journal of Sport Psychology, 17, 173-182.
Wakefield, K. L., & Sloan, H. J. (1995). The effects of team loyalty and selected stadium factors on spectator attendance. Journal of Sports Management, 9, 153-172.

Análise de um programa de treinamento anaeróbio na pré-temporada de um clube profissional de futebol !!!

Análise de um programa de treinamento anaeróbio na pré-temporada de um clube profissional de futebol


Em período de 10 dias, deve-se objetivar a resistência aeróbia, pois realizar exercícios de resistência anaeróbia pode minimizar risco de os atletas sofrerem lesões musculares

Matheus Costa

Resumo,

O presente estudo tem como objetivo analisar como é feito um treinamento anaeróbio na pré-temporada em um clube profissional de futebol, em um Centro de Treinamento localizado na Av. Marquês de São Vicente, no Bairro da Barra Funda, Zona Oeste da cidade de São Paulo/SP, tendo como população de amostra vinte e oito atletas profissionais de futebol, todos em condições de treinamento, sendo quatro goleiros, cinco zagueiros, cinco laterais, oito meios de campo e seis atacantes com idades variando entre dezoito a trinta e cinco anos. Objetivou-se neste estudo atingir a melhor forma física do atleta, para isto, foi observada toda a pré-temporada do futebol em um período de dez dias. Neste período foram realizadas dezessete sessões de treinamentos onde quatro para a resistência aeróbia, quatro para a resistência anaeróbia e nove para a resistência mista. A predominância no treinamento físico da pré-temporada deve ser a resistência mista, pois é o que mais se assemelha a uma partida de futebol, onde os atletas devem trabalhar durante os noventa minutos fundamentos desta precisão. O calendário brasileiro não proporciona um tempo ideal de preparação antes dos campeonatos que ocorrerão durante o ano, devido a isso a pré-temporada tem um tempo curto e a conseqüência disso pode resultar em graves lesões aos atletas pela falta adequada de preparação no período pré-competitivo. Devido à importância que se tem notado ultimamente na preparação física do futebol, este estudo pretende ainda analisar como é efetuado o treinamento físico em uma pré-temporada, levando-se em consideração o curto espaço de tempo da reapresentação da equipe até a primeira partida na competição da temporada, verificando-se a porcentagem de treinamento aeróbio, anaeróbio e mista; determinando em que momento treina-se o sistema anaeróbio; Analisando se o período preparatório foi considerado ideal para o início de uma temporada